‘ECA Digital’ ganhou fôlego no Congresso com Felca
Projeto do senador Alessandro Vieira é aprovado em comissão na Câmara e pode ir ao plenário da Casa já nesta semana

O Congresso Nacional discute uma proposta que pode mudar profundamente a forma como redes sociais, aplicativos e plataformas digitais tratam o público infantil. Trata-se do projeto de lei 2.628/2022, conhecido como ECA Digital, que estabelece normas específicas para proteger crianças e adolescentes no ambiente online. O apelido dado à proposição faz referência ao Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA).
Uma das novidades da proposta é a criação de uma Autoridade Nacional de Fiscalização, inspirada na Autoridade Nacional de Proteção de Dados (ANPD). Esse novo órgão fiscalizará a atuação das plataformas, podendo aplicar multas de até 10% do faturamento ou R$ 50 milhões por infração cometida por essas empresas.
1. Quem deve cumprir a lei
Incluiu lojas de aplicativos e sistemas operacionais entre os responsáveis pela verificação de idade.
Substituiu "controle parental" por "supervisão parental", reforçando o papel da família.
Centralizou a verificação etária nos sistemas, reduzindo riscos de vazamento de dados.
Limitou a proibição de publicidade a conteúdos comerciais, preservando campanhas educativas.
Determinou que contas de menores de 16 anos sejam vinculadas a responsáveis.
Alterou "vício" para "uso excessivo", enfatizando a prevenção.
A criação da autoridade nacional de fiscalização
Um dos pontos mais inovadores é a criação de uma Autoridade Nacional de Fiscalização, inspirada na Autoridade Nacional de Proteção de Dados (ANPD).
Esse novo órgão será responsável por:
aplicar multas de até 10% do faturamento ou R$ 50 milhões por infração;
orientar famílias e empresas sobre boas práticas;
mediar denúncias feitas por usuários e entidades da sociedade civil;
atuar em cooperação com o Ministério Público Federal, a Polícia Federal, a Defensoria Pública da União e os Conselhos Tutelares.
No parecer, Jadyel Alencar justifica sua posição. "Não basta criar obrigações para as plataformas. É preciso um órgão com autonomia técnica e poder de sancionar para que os direitos das crianças no ambiente digital sejam efetivamente protegidos."
O que muda na prática?
Famílias
Terão ferramentas mais claras e acessíveis para acompanhar o que os filhos acessam
Adolescentes só poderão instalar determinados aplicativos com consentimento informado.
Haverá mais transparência sobre riscos em jogos e redes sociais.
Plataformas e lojas digitais
Precisarão verificar a idade dos usuários e bloquear acessos inadequados.
Deixarão de direcionar anúncios comportamentais a menores.
Terão de criar sistemas mais robustos de moderação em chats e transmissões.
Poderão ser multadas em valores milionários em caso de descumprimento.
Governo e sociedade
Receberão relatórios semestrais sobre riscos e violações digitais.
Terão recursos adicionais para financiar políticas públicas via Fundo da Criança.
Vídeo viral e acusações graves
No vídeo de cerca de 50 minutos publicado na semana passada, o youtuber Felca apresenta casos que, segundo ele, mostram como pais e produtores de conteúdo colocam crianças e adolescentes em situações constrangedoras ou sexualizadas para atrair audiência e monetização nas plataformas.
O influenciador também aponta a responsabilidade das empresas de tecnologia, acusando-as de ampliar o alcance desse tipo de material por meio de algoritmos que, em vez de restringir, dão mais visibilidade aos vídeos. Essa dinâmica, de acordo com o relato, favorece a atuação de predadores sexuais no ambiente digital.