Febre Bobbie Goods
Por que livros de colorir ajudam contra ansiedade, depressão e vício em telas?
"Vem pintar mais uma página de Bobbie Goods comigo?", propõe mais um vídeo com milhares de visualizações no TikTok. Colorir virou moda de 8 a 80 anos.
Você pode ainda não ter seu próprio livro de colorir, mas dificilmente passou ileso pela febre dos Bobbie Goods, que vem atingindo um público cada vez mais diverso.
Bobbie Goods é uma marca norte-americana criada pela artista visual Abbie "Bobbie" Gouveia. A linha conta com diversas cenas com grupos de ursinhos, cachorros e outros animais que devem ser pintados com canetas hidrográficas específicas (e com o sucesso, outras editoras e marcas alternativas também surgiram para competir com o simpático conjunto de animais).
E se engana quem pensa que só as crianças se interessam pelos ursinhos. Cada vez mais adultos de todas as idades têm sido conquistados pela atividade, muito pela sensação de paz que o contato da caneta com o papel em branco traz.
Ainda que pareça um simples passatempo ou mais um produto que a internet tenta te convencer a comprar, os Bobbie Goods, assim como outros livros de colorir, têm uma utilidade bem mais profunda: ajudar a reduzir sintomas de estresse e ansiedade.
Colorir envolve o desenvolvimento de uma atenção focada, com repetição de movimentos, o que ajuda na concentração no momento presente.
A atividade também ativa o sistema nervoso parassimpático, responsável pela sensação de calma, e estimula a liberação de neurotransmissores ligados ao prazer.
Pintar funciona como uma "fuga sensorial", afastando por longos período do contato com as telas e promovendo uma maior conexão consigo e com o ambiente. Quando combinada à terapia convencional, a atividade alivia sintomas de ansiedade e depressão e estimula comportamentos mais positivos.
Arthur Danila, médico psiquiatra e coordenador do Programa de Mudança de Hábito e Estilo de Vida do Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas, explica que esses benefícios são observados por diversos mecanismos psicológicos e neurobiológicos.
Outro ponto destacado é o afastamento das telas proporcionado pela atividade – algo que, por si só, é um fator protetor para a saúde mental.